O Livro que tirei o poema. |
Hoje vou colocar um poema do escritor Charles Bukowki que me chamou muito a atenção.
Muitas pessoas não compreendem e nem querem por vezes, compreender o que é e quem é este senhor que escreve sobre a realidade dos subúrbios, as prostitutas, a bebida, o jogo, enfim, a degradação humana de uma época não muito distante. Assim como Nelson Rodrigues, este que também é repelido, traz muito o que se pensar dentro da psicologia. O que seria a psicologia destes autores? O que é a auto-destruição de um homem? Eles pedem socorro nas entrelinhas, mas poucos entendem. Acompanhe-me nesta interpretação do "Velho Safado", também conhecido como Santo Padroeiro dos Escritores Bêbados.
Segue abaixo um poema que vejo como um pedido de socorro:
A dor é uma coisa estranha.
Um gato que mata um pássaro,
um acidente de automóvel,
um incêndio...
A dor chega,
BANG,
e eis que ela te atinge.
É real.
E aos olhos de qualquer pessoa pareces um estúpido.
Como se te tornasses, de repente, num idiota.
E não há cura para isso,
a menos que encontres alguém
a menos que encontres alguém
que compreenda realmente o que sentes
e te saiba ajudar...
O que podemos encontrar neste poema?
É o dia a dia, as coisas que acontecem e em alguns casos não sabemos, mas quando isso nos vem a cabeça ou quando acontece com alguém que conhecemos, ou até mesmo com nós mesmos, a coisa muda de figura.
"A dor é uma coisa estranha".
E realmente é! Sentimos a nossa dor e a dor do outro em alguns casos, isso se não formos tão egoístas. A dor é algo que sabemos que ela está lá, mas não sabemos como controlar, sabemos em alguns casos até onde está localizada, mas quando sabemos disso, pode ser tarde demais. BANG!
" E aos olhos de qualquer pessoa pareces um estúpido".
Aos olhos dos outros, uma dor pode ser algo banal. Muitas pessoas tem o péssimo hábito de comparar suas dores com as dos outros, é sempre a sua maior que o mundo. A neurose obssessiva se encontra aí com força total.
"Como se tornasses aí um idiota".
É nesse caminho que a depressão atinge porque a impotência da dor é algo que não se sabe distinguir e para muitos, a dor é apenas algo que ...passa, não precisa tanto estardalhaço. Mas como não? Se a dor que sente é só sua! O outro não sente e ainda faz um alguma declaração que faz com que sentíssemos pequenos.
A dor é real. Ela vive em todos nós e nos atormenta. Física e psicológicamente.
"E não há cura para isso,
a menos que encontres alguém
que compreenda realmente o que sentes
e te saiba ajudar..."
Eis aí o ponto chave do poema!! A dor, ela tem cura, sim! A menos que você queria fazer com que ela desapareça ou amenize, mas em muitos casos é melhor mesmo que vá embora e não volte....tão cedo!
O fato da frase que Bukowski parece ser muito óbvia, mas não vou deixar o ego subir. Procurar alguém que compreende a dor, podem ser muitos especialistas, médicos, terapeutas etc. Para cada dor há alguém que possa aliviar o problema.
Acho que no caso, ele pede um psicólogo, alguém que possa conversar sobre o que dói e seus próprios problemas, sem que alguém o descrimine, que entre suas consultas amenize a dor de viver no vício, na infelicidade e na prisão de estar sempre desesperado por algo que possa fazer com que tudo a sua volta seja de maneira melhor, para o seu bem-estar.
Talvez, a dor que sentia por tantos anos o deixou em paz em 1994, ano de seu falecimento.
Só tenho a lamentar pois, por mais que ele tenha pedido socorro, muitos não o ouviram e ele se deixou levar pela solidão.
O escritor e sua dor. Abraçado ao seu instrumento de trabalho que deixava as páginas manchadas pela sua realidade. Mais um na lista dos escritores malditos. |
"Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora?"
Charles Bukowski (Hank Chinaski)
Charles Bukowski (Hank Chinaski)
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