"O amor, o conhecimento e o trabalho, são fontes de nossas vidas. Deveriam também governá-los". - Wilhelm Reich







domingo, 3 de julho de 2011

Bukowski e sua Psi


O Livro que tirei o poema.
Hoje vou colocar um poema do escritor Charles Bukowki que me chamou muito a atenção.
Muitas pessoas não compreendem e nem querem por vezes, compreender o que é e quem é este senhor que escreve sobre a realidade dos subúrbios, as prostitutas, a bebida, o jogo, enfim, a degradação humana de uma época não muito distante. Assim como Nelson Rodrigues, este que também é repelido, traz muito o que se pensar dentro da psicologia. O que seria a psicologia destes autores? O que é a auto-destruição de um homem? Eles pedem socorro nas entrelinhas, mas poucos entendem. Acompanhe-me nesta interpretação do "Velho Safado", também conhecido como Santo Padroeiro dos Escritores Bêbados.
Segue abaixo um poema que vejo como um pedido de socorro:

A dor é uma coisa estranha.

Um gato que mata um pássaro,
um acidente de automóvel,
um incêndio...

A dor chega,
BANG,
e eis que ela te atinge.

É real.

E aos olhos de qualquer pessoa pareces um estúpido.
Como se te tornasses, de repente, num idiota.
E não há cura para isso,
a menos que encontres alguém
que compreenda realmente o que sentes
e te saiba ajudar...

O que podemos encontrar neste poema?
É o dia a dia, as coisas que acontecem e em alguns casos não sabemos, mas quando isso nos vem a cabeça ou quando acontece com alguém que conhecemos, ou até mesmo com nós mesmos, a coisa muda de figura.
"A dor é uma coisa estranha".
E realmente é! Sentimos a nossa dor e a dor do outro em alguns casos, isso se não formos tão egoístas. A dor é algo que sabemos que ela está lá, mas não sabemos como controlar, sabemos em alguns casos até onde está localizada, mas quando sabemos disso, pode ser tarde demais. BANG!
" E aos olhos de qualquer pessoa pareces um estúpido". 
Aos olhos dos outros, uma dor pode ser algo banal. Muitas pessoas tem o péssimo hábito de comparar suas dores com as dos outros, é sempre a sua maior que o mundo. A neurose obssessiva se encontra aí com força total.
"Como se tornasses aí um idiota".
É nesse caminho que a depressão atinge porque a impotência da dor é algo que não se sabe distinguir e para muitos, a dor é apenas algo que ...passa, não precisa tanto estardalhaço. Mas como não? Se a dor que sente é só sua! O outro não sente e ainda faz um alguma declaração que faz com que sentíssemos pequenos.
A dor é real. Ela vive em todos nós e nos atormenta. Física e psicológicamente.
"E não há cura para isso,
a menos que encontres alguém
que compreenda realmente o que sentes
e te saiba ajudar..."
Eis aí o ponto chave do poema!! A dor, ela tem cura, sim! A menos que você queria fazer com que ela desapareça ou amenize, mas em muitos casos é melhor mesmo que vá embora e não volte....tão cedo!
O fato da frase que Bukowski parece ser muito óbvia, mas não vou deixar o ego subir. Procurar alguém que compreende a dor, podem ser muitos especialistas, médicos, terapeutas etc. Para cada dor há alguém que possa aliviar o problema.
Acho que no caso, ele pede um psicólogo, alguém que possa conversar sobre o que dói e seus próprios problemas, sem que alguém o descrimine, que entre suas consultas amenize a dor de viver no vício, na infelicidade e na prisão de estar sempre desesperado por algo que possa fazer com que tudo a sua volta seja de maneira melhor, para o seu bem-estar.
Talvez, a dor que sentia por tantos anos o deixou em paz em 1994, ano de seu falecimento.
Só tenho a lamentar pois, por mais que ele tenha pedido socorro, muitos não o ouviram e ele se deixou levar pela solidão.

O escritor e sua dor. Abraçado ao seu instrumento de trabalho que deixava as páginas manchadas pela sua realidade.
Mais um na lista dos escritores malditos.

"Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora?"


Charles Bukowski (Hank Chinaski)














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