"O amor, o conhecimento e o trabalho, são fontes de nossas vidas. Deveriam também governá-los". - Wilhelm Reich







quarta-feira, 28 de julho de 2010

A História das Estórias dos Contos de Fadas.

No intervalo...

Durante muitos anos, não se sabia qual a real representação dos contos de fadas e como eles apareceram em nossas vidas, de onde eles vieram, de que época e quem eram os personagens que ali enfrentavam o bem e o mal com as forças da natureza e da sapiência.
Os contos de fadas nada mais eram que um meio para deixar os pequeninos quietos, assustados, trabalhando o lúdico e expressando a capacidade do consciente para a vida sócio-psico-cultural.
Uma verdade: História infantis eram o cotidiano na cidade. Sim!!Falando bruscamente, as mães ouviam as notícias da cidade e transformavam elas em sonhos de uma maneira sutil e interessante para as crianças que quase nunca a deixavam fazer seus afazeres domésticos, então o único jeito de aquietá-los e a mãe conseguir descansar era "criar", "transformar" a notícia da rua em algo extraodinário e imaginário, dentro dos limites da mente infantil.
Bruno Betenhein, psicólogo, neo-psicanalista e educador, trabalhou em um livro denominado: A psicanálise dos contos de fadas, onde ele retrata a verdadeira face das histórias que nossos tataravós, bisavós e avós contavam, de maneira verdadeira, cruel (para quem não quer enxergar a realidade) e ao mesmo tempo lúdica e psicológicamente conturbada.

OS CONTOS DE FADA NO PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Podem-se perguntar as razões pelas quais a psicologia junguiana se interessa por mitos e contos de fada. O Dr. Jung, disse certa vez, que é nos contos de fada onde melhor se pode estudar a anatomia comparada da psique. Nos mitos, lendas ou qualquer outro material mitológico mais elaborado obtém-se as estruturas básicas da psique humana através da grande quantidade de material cultural. Mas nos contos de fada, existe um material consciente culturalmente muito menos específico e, conseqüentemente, eles oferecem uma imagem mais clara das estruturas psíquicas (FRANZ, 1990: 25).
Divididos entre o bem e o mal, representados por príncipes, fadas e também por monstros, lobos e bruxas apavorantes, os contos de fadas encantam as crianças e os adultos desde a sua criação, que data da época medieval. Mas a sua função não pára aí, pois além do entretenimento, transmitem ainda valores e costumes e ajudam a elaborar a própria vida através de situações conflitantes e fantásticas. “Mitos e contos de fadas expressam processos inconscientes. A narração dos contos revitaliza esses processos e restabelece a simbiose entre consciente e inconsciente” - já havia dito Carl Gustav Jung, famoso psicanalista e discípulo de Freud (apud CEZARETTI, 1989: 24).
Segundo Bettelheim, (apud CEZARETTI, 1989: 24), que analisa as histórias mais conhecidas, todos os problemas e ansiedades infantis, como a necessidade do amor, do medo e do desamparo, da rejeição e da morte, são colocados nos contos em lugares fora do tempo e do espaço, mas muito reais para crianças. A solução geralmente encontrada na história e quase sempre leva a um final feliz, indica a forma de se construir um relacionamento satisfatório com as pessoas ao redor.
Mas evidentemente, para se chegar ao final nem tudo são flores. Os contos estão repletos de problemas como a presença do bem e do mal, e partindo desse ponto pretendemos desenvolver uma reflexão sobre a fantasia e suas imagens simbólicas nos contos de fada como recursos fundamentais no desenvolvimento humano, o que constituem o conteúdo do presente trabalho.
DESENVOLVIMENTO
A origem dos contos de fadas, segundo Marie Louise Von Franz (apud GIGLIO, 1991: 3), parece residir em uma potencialidade humana arquetípica (aliás, não somente os contos de fada, como todas as fantasias). Antigamente os pastores, lenhadores e caçadores, passavam bom tempo de suas vidas sozinhos nas florestas, campos e montanhas. Acontecia que repentinamente eram assaltados por uma visão interior muito forte, que os alvoroçava por inteiro. Corriam então de volta a suas aldeias e relatavam o que lhes tinha acontecido a todos que o quisessem ouvir. Daquela visão inicial, iam-se formando lendas, e mais tarde “contos maravilhosos”. O pensamento mítico, no caso dessas visões espontâneas, é compreendido como um pensamento essencialmente pré-lógico, elementar e arquetípico. Os arquetípicos por definição, são fatores e motivos que ordenam os elementos psíquicos em imagens, de modo típico.
Como afirma Jung (apud GIGLIO, 1991: 15), os contos de fada constituíram através dos séculos instrumentos para a expressão do pensamento mítico, perpetuando-se no tempo por desempenharem uma função psíquica importante relacionada ao processo da individuação: através deles toma-se consciência e vivencia-se arquétipos do inconsciente coletivo. Esses arquétipos, por sua vez, ao serem trazidos à consciência e dramaticamente vivenciados permitem a Psique cumprir as etapas de integração progressiva do desenvolvimento da persona, conscientização da sombra, confrontação com a anima / animus e outros arquétipos, e finalmente atingir um estado onde a comunicação Ego-Self seja fluente e criativa (apud THOMPSON, 1969: 152). Ainda a partir de uma perspectiva junguiana, (apud THOMPSON, 1969: 152) existe um lado masculino e um lado feminino em cada um de nós. Se o masculino é dominante, o feminino é recalcado. O indivíduo bem conformado necessita desenvolver ambos os aspectos. Também existem quatro características principais em cada um de nós: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Constituem pares de oponentes. Nos homens o pensamento e a sensação constituem, habitualmente, características conscientes, ao passo que o sentimento e a intuição encontram-se recalcados. Nas mulheres, sentimentos e intuição são predominantes. O lado feminino recalcado do homem é denominado anima, o lado masculino da mulher é o seu animus.
Em Franz (apud GIGLIO, 1991: 6), os contos de fada numa visão junguiana são uma representação simbólica de problemas gerais humanos e suas soluções possíveis, ou seja, as representações da fantasia são tão primárias e originais como os próprios desejos e instintos. Nos conteúdos dos contos de fada é possível ver uma projeção dos estágios originais e arquetípicos do desenvolvimento da consciência humana. Nos símbolos do inconsciente, nos sonhos e fantasias, encontram-se os mesmos princípios da expressão dos mitos e contos de fada, o que, representa um recurso fundamental no processo do desenvolvimento humano.
Conforme Araújo (1980: 39), para Jung certas lendas, mitos e símbolos têm origem na infância da humanidade em que faltando recursos intelectuais, o homem apresentava uma disposição natural para aceitar o sobrenatural. Seria assim uma necessidade psicológica de buscar soluções mágicas e de criar seres fantásticos para superar uma realidade que lhe impunha limitações. O inconsciente coletivo, guardaria assim, uma necessidade de retorno as origens do homem revivendo experiências anteriores da humanidade.
À luz da psicanálise, os contos de fadas revelam os conflitos de cada um e a forma de superá-los e recuperar a harmonia existencial. Assim a tão famosa dicotomia entre o bem e o mal, presta-se numa terapia, a uma análise mais contundente da personalidade, na qual se permite trabalhar com sentimentos inconscientes que revelam a verdadeira personalidade (CEZARETTI, 1989: 26).
Diz Bettelheim (1980: 16):
Para dominar os problemas psicológicos do crescimento - separar decepções narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar dependências infantis; obter um sentimento de individualidade e de autovalorização, e um sentido de obrigação moral - a criança necessita entender o que se está passando dentro de seu eu inconsciente. Ela pode atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar com as coisas, não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu inconsciente, mas familiarizando-se com ele através de devaneios prolongados - ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos adequados da estória em resposta a pressões inconscientes. Com isto, a criança adequa o conteúdo inconsciente às fantasias conscientes, o que a capacita a lidar com este conteúdo. É aqui que os contos de fadas têm um valor inigualável, conquanto oferecem novas dimensões à imaginação da criança que ela não poderia descobrir verdadeiramente por si só. Ajuda mais importante: a forma e estrutura dos contos de fadas sugerem imagens à criança com as quais ela pode estruturar seus devaneios e com eles dar melhor direção à sua vida.

O significado oculto dos contos de fadas


Ao longo dos últimos 100 anos, os contos de fadas e seu significado oculto têm sido objeto da análise dos seguidores de diversas correntes da psicologia. Sheldon Cashdan, por exemplo, sugere que os contos seriam "psicodramas da infância" espelhando "lutas reais". Na visão de Cashdan, "embora o atrativo inicial de um conto de fada possa estar em sua capacidade de encantar e entreter, seu valor duradouro reside no poder de ajudar as crianças a lidar com os conflitos internos que elas enfrentam no processo de crescimento".
Cashdan, prossegue em sua análise sobre a vinculação entre os contos de fadas e os conflitos internos infantis:
“ Cada um dos principais contos de fadas é único, no sentido em que trata de uma predisposição falha ou doentia do eu. Logo que passamos do "era uma vez", descobrimos que os contos de fada falam de vaidade, gula, inveja, luxúria, hipocrisia, avareza ou preguiça - os "sete pecados capitais da infância". Embora um determinado conto de fada possa tratar de mais de um "pecado", em geral um deles ocupa o centro da trama. ”
O processo pelo qual as crianças podem utilizar os contos de fadas na resolução de seus próprios problemas é explicitado mais adiante:

“ O modo pelo qual os contos de fada resolvem esses conflitos é oferecendo às crianças um palco onde elas podem representar seus conflitos interiores. As crianças, quando ouvem um conto de fada, projetam inconscientemente partes delas mesmas em vários personagens da história, usando-os como repositórios psicológicos para elementos contraditórios do eu. ”

Já os jungianos, vêem nas personagens dos contos "figuras arquetípicas", que, segundo Franz,[8] "à primeira vista, não têm nada a ver com os seres comuns ou com os caracteres descritos pela Psicologia".


BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise nos contos de fadas. Trad. Arlene Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.


FRANZ, Marie-Louise Von. A Interpretação dos Contos de Fada. 3ª ed. Trad. Maria Elci Spaccaquerque Barbosa. São Paulo: Paulus, 1990.


------. A Sombra e o Mal nos Contos de Fadas. São Paulo: Paulinas, 1985.

CASHDAN, Sheldon. 'Os 7 pecados capitais nos contos de fadas: como os contos de fadas influenciam nossas vidas'. Rio de Janeiro: Campus, 2000.


Ps: O que mais me intriga nos contos de fadas é o famoso "felizes para sempre", a representação exata do cujo é que após o casamento, a princesa irá passar, cozinhar, costurar, engravidar, passar pro processo de engorda e emagrecimento, terá de comprar mil cremes na Avon, Peyot, Elke, Wella para não envelhecer precosemente, criar os filhos, alertar-se com o anticoncepcional, se aborrecer no trabalho, em casa e ter noites sem dormir, brincar com as crianças, ter domingos prazeirosos com a família, uma noite de sono em paz, principe q chega tarde em casa, principe que cai na gandaia sem a princesa etc. A realidade é muito além das fadas, dos montes e por detras das muralhas do castelo encantado.
Confesso que sou do tipo que gosta de mostrar de tirar a máscara dos contos de fadas, não faço isso com crianças, mas sim, com os adultos, pois que muitos ainda vivem em um mundo fora da realidade social e evolutiva.
Muitas vezes vale a pena falar a verdade, por mais que ela doa, mas de uma coisa vc tenha certeza: Tudo vai passar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Esqueça a Imagem Frágil dos Pacientes com HIV e Perca o Preconceito



É tudo igual!
Há 17 anos, o país inteiro lamentava uma triste perda: o cantor Cazuza, depois de um longo e público calvário, perdia a vida vítima da AIDS. A doença levou embora a bela aparência que o identificava, a rotina frenética que ele mantinha e, por conseqüência, a tranqüilidade de muitos jovens (e outros nem tanto) que mantinham rotina parecida.
Fragilidade. A palavra resume bem a condição dos pacientes que contraíam o vírus naquele tempo. Mas, de lá para cá, muita coisa mudou para melhor! e são comuns os casos de pessoas soropositivas que jamais apresentam os sinais que nos sensibilizaram na década de 1980.
O corpo fraco, os cabelos minguados, os enjôos e o dia-a-dia doente ficaram mesmo para trás e os pacientes infectados pelo HIV só não levam uma vida completamente livre de limitações caso queiram algo diferente disso.
Na opinião do médico Rogério Satóris, gerente de pesquisa na área de virologia, essa mudança se deve aos ótimos coquetéis de medicamentos disponíveis. Mas não só isso: a informação, cada vez mais disseminada, a respeito da doença também interferiu na mudança. As pessoas deixaram de acreditar que contrair o HIV é o mesmo que assinar uma sentença de morte , afirma o pesquisador. Com o acompanhamento adequado, muitas delas nem sequer desenvolvem AIDS (quadro em que o vírus debilita o organismo e as doenças chamadas oportunistas se manifestam) .
Ele cita o exemplo de muitos atletas contaminados pelos vírus da AIDS e que competem normalmente. Só ficamos sabendo da doença quando, por algum motivo, eles decidem revelar que são soropositivos , relata. A seguir, o especialista quebra uma série de tabus e mostra que o dia-a-dia de um paciente com HIV está sujeito aos mesmos cuidados que o de alguém livre do vírus. Confira e deixe de lado o preconceito.
Alimentação: uma dieta diversificada é fundamental. Proteínas, carboidratos e gorduras podem (e devem) ser consumidos sem nenhuma precaução além das recomendadas regularmente. A única ressalva fica por conta da suplementação alimentar.
Tomar suplementos sem orientação médica é totalmente contra-indicado. Isso porque algumas substâncias, combinadas ao remédio, podem trazer reações negativas (como hemorragias) e até interferir na eficácia da fórmula .
Bebidas alcoólicas: o álcool realmente prejudica o efeito dos remédios, não só os usados no combate ao vírus HIV, mas contra qualquer doença. Não é por isso, porém, que você precisa brindar seu aniversário com suco para o resto da vida. "Uma taça de champane, ocasionalmente, não faz mal nenhum. Pelo contrário, até melhora a auto-estima e o humor do paciente. O que não dá é para cair nos excessos, como em todas as situações", ponderea o virologista.

Peso: pacientes soropositivos realmente tendem a emagrecer (a alta replicação viral exige mais do sistema de defesa do organismo, daí o enfraquecimento e a perda de peso). Mas vale ressaltar que a perda de peso não é sinal de agravamento da doença. Muitos pacientes, ao contrário, até engordam. Trata-se de um problema chamado lipodistrofia, ou seja, o acúmulo irregular de gordura , explica o especialista em virologia.

Exercícios físicos: apague da memória, de uma vez por todas, a idéia de um doente acamado, num quarto escuro e com cobertores até o pescoço. A palavra de ordem é vida saudável e, para isso, a prática de exercícios físicos é fundamental. O paciente deve escolher um esporte que combine com o perfil dele, e pronto , diz. Uma avaliação física também é muito importante, assim como a realização de exames freqüentes, evitando surpresas desagradáveis. Numa fase de alta replicação viral, por exemplo, é necessário fazer repouso, sob o risco de contrair as infecções oportunistas, que surgem com a baixa imunidade , afirma o médico. Disposição não vai faltar se você seguir todas as orientações médicas. Mas ainda recomendamos que se evite os esportes de contato, por oferecem maior potencial de contaminação .

Namoro: beijar, abraçar, transar... a vida afetiva de uma pessoa com o HIV não tem nada de especial. Muitas vezes, aliás, ela serve de exemplo para quem brinca com a saúde e acaba se esquecendo de usar camisinha. A prevenção é uma regra na rotina dessas pessoas, mesmo quando falamos de um casal em que ambos são soropositivos , diz o médico. Os cuidados são necessários para que se evite o contágio (quando um dos parceiros é HIV negativo) e a superinfecção, quando os dois já contraíram o vírus. Misturar as secreções pode dar origem a uma versão mais resistente do vírus, dificultando o combate e debilitando ainda mais o sistema imune .

Gravidez: a única diferença de uma mãe soropositiva é que ela não poderá amamentar o bebê. De resto, nada. A necessidade de pré-natal é idêntica, os exames pedidos pelo médico, idem. A criança pode até nascer com menos peso, mas se trata de um percentual mínimo, de 5% em média. Os riscos de o bebê nascer com o vírus variam de 15 a 30% (para mães que não seguem um tratamento retroviral). Mulheres que ingerem os medicamentos corretamente abaixam esse número para 8%. Para homens soropositvos, os especialistas estão sugerindo um tipo de fertilização em laboratório que trata os espermatozóides antes de fecundarem o óvulo. A prática ainda não é comum, mas já tem sido realizada com sucesso fora do Brasil.





segunda-feira, 19 de julho de 2010

Adolescência e as Primeiras Experiências Sexuais



"A adolescência chega e muitas vezes com ela as primeiras experiências sexuais. Nem todo mundo sabe, mas o despertar da sexualidade nada tem a ver com a genitalidade, normalmente acentuada nesta fase da vida. Quando o ser humano nasce, já começa a desenvolver sua própria sexualidade. Entretanto, em uma sociedade que erotizou o sexo, incentivando sua prática a qualquer custo, as pessoas perderam o referencial. Muitas acreditam que os únicos riscos do sexo são físicos, como uma gravidez indesejada ou a contaminação pelo vírus HIV. Os especialistas, no entanto, alertam que viver plenamente as experiências sexuais pode trazer outros problemas: traumas que, sem tratamento adequado, serão carregados por toda vida".

Sexualidade é Vida

A sexualidade será sempre a associação da própria genitalidade, do carinho, do afeto, do amor e, principalmente, da comunicação. Nem sempre, sua manifestação se dará entre amantes. "De maneira alguma, a sexualidade quer dizer apenas a relação sexual, a penetração ou a simples preocupação com os genitais. Ela é algo mais amplo, que passa a existir com o nascimento do indivíduo. Sexualidade significa vida", esclarece o Dr. Leonardo Goodson, ginecologista com especialidade em Sexualidade Humana.

Sexo e Idade

O médico explica que as características dessa sexualidade são variadas conforme a idade. Nas crianças com idades entre zero e 18 meses, começa o processo de aprendizagem da identidade homem/mulher e dos papéis sexuais. "Neste período, a criança passa a lidar com a representação cultural do que é ser homem ou mulher. É nessa fase que o bebê começa a experimentar o próprio corpo e a ter as primeiras experiências sexuais, ganhando intimidade e confiança principalmente com a própria mãe", explica o ginecologista.

A apreciação e o exame dos próprios genitais ocorre entre os 18 meses e os três anos de idade. Depois disto, até os quatro anos, a criança tem sua própria explicação sobre a origem dos bebês, sendo capaz de assimilar atitudes sexuais - negativas ou positivas - do meio onde vive. Entre cinco e seis anos, a criança apresenta idéias fantásticas de como os bebês são gerados. É neste período, que o outro começa a ser incluído nos jogos sexuais. "A partir dos sete anos, apesar do interesse em assuntos sexuais, a criança fica retraída com os contatos mais íntimos. Mesmo assim, mantém brincadeiras sexuais com crianças do mesmo sexo", lembra o médico.

Adolescência

As profundas transformações da puberdade começam aos 10 anos, quando a criança conhece também a prática da masturbação. A partir de então, acentua-se o desejo de relacionamento com o outro. O Dr. Leonardo Goodson explica que, normalmente, os adolescentes com 14 anos têm um amigo íntimo e canalizam o erótico para histórias, confidências e piadas. Com 15 anos, ocorre a abertura para a heterossexualidade e o adolescente começa a ter sua identidade sexual afirmada. "Dos 17 aos 23 anos, essa identidade é consolidada e o jovem passa a ter um objeto amoroso único, com quem mantém intercâmbio amoroso. Neste período, ele passa a dar e a receber", detalha o Dr. Goodson.

É a partir da adolescência que o jovem começa a se preocupar com os riscos trazidos pela Aids. A desinformação costuma reforçar os preconceitos. Segundo o Grupo pela Vida, do Rio de Janeiro, algumas situações vividas entre duas pessoas não trazem ameaça de contaminação pelo vírus HIV. Trocar beijos e carícias; apertar as mãos; ter contato com suor, lágrima e saliva; usar os mesmos pratos, talheres, copos, vasos sanitários ou assentos; não significam riscos. "A preocupação é justificável, mas nos esquecemos que a convivência com um soropositivo pode ser saudável, sem que nos tornemos preconceituosos", alerta o médico.

Riscos Orgânicos e Prevenção

A Aids não é o único risco trazido com o início de uma vida sexual ativa, apesar de ser o mais temido. A gravidez indesejada e a contaminação por outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) também merecem atenção. "A pílula e a camisinha não são as únicas formas de prevenção. Existem outros métodos que podem ser adotados, desde que haja o acompanhamento de um médico ou orientador sexual. Quando se pensa em adolescência, as recomendações mais comuns são a pílula para a gravidez indesejada e a camisinha para as DSTs", explica o dr. Goodson. Para evitar a gravidez, é possível adotar ainda métodos como o coito interrompido, a temperatura basal e a tabelinha. No entanto, são opções menos confiáveis. Os métodos chamados de barreiras são os preservativos masculino e feminino, o diafragma e o Dispositivo Intra-uterino (DIU). Há ainda os anticoncepcionais orais (pílula) e os injetáveis (mensal e trimestral), além da laqueadura tubária e a vasectomia.

Erotização e Virgindade

A sociedade erotizada chama a atenção para os riscos físicos do sexo, esquecendo-se de outro ponto que é tão importante quanto a saúde do corpo: a mente sadia. Atualmente, a mídia tem sido o meio mais feroz de incentivo à vida sexual. No entanto, este incentivo tem uma proporção infinitamente mais voltada para o lado negativo. "Na televisão, por exemplo, são muitas horas voltadas para o desrespeito ao próximo, para o incentivo de receber mais do que dar; e poucos minutos de orientação sexual adequada, principalmente para os adolescentes. É preciso lembrar que sexo é bom, quando é bom para os dois", opina o ginecologista. Um dos exemplos de erotização diz respeito à forma como a sociedade encara a virgindade. O médico explica que ser virgem não significa de maneira alguma estar fora do mundo atual, mas estar em um momento de reflexão. "A pessoa virgem ainda não se sente preparada para enfrentar a relação sexual com a maturidade que ela merece. E isto independe da idade", orienta.
Como as pessoas desconhecem este verdadeiro sentido da virgindade, torna-se antiquado ser virgem. Atualmente, muitos adolescentes preferem dizer diante da turma que já tiveram a primeira relação sexual, para não ser massacrados diante de comentários e piadas dos colegas.
Hímen

"A virgindade é simbolizada pela perda do hímen pela mulher e pela primeira relação sexual do homem. Mas ela precisa ser vista de forma mais ampla. A virgindade será sempre perdida quando iniciarmos um novo relacionamento, independente de ser o primeiro ou não", afirma o Dr. Goodson. O médico defende que o hímen não direcione o que é ser virgem e, sim, o contato com um novo parceiro, que sempre vai representar uma nova descoberta. Assim, ao longo da vida, a pessoa estará sempre perdendo a virgindade a cada novo encontro.
O ginecologista detalha que estar maduro para a primeira relação sexual é compreender o que ela significa e saber lidar com os problemas que ela pode trazer. A gravidez indesejada, as DSTs e os problemas relacionais são algumas das dificuldades que podem aparecer. No entanto, vivido de forma adequada, o sexo possibilita que a pessoa usufrua de imensos prazeres.
Compreensão Traz Maturidade
A falta de compreensão de como a sexualidade e o sexo devem ser encarados traz inúmeros riscos - orgânicos e psicológicos. "A gravidez indesejada, as DSTs, a insatisfação pessoal, o arrependimento, as disfunções sexuais tardias e as dificuldades no relacionamento são alguns desses riscos", diz o médico. O profissional orienta que todo passo na vida deve, se possível, ser planejado, diminuindo as chances de se tornar um problema. Minimizar esses riscos será sempre uma responsabilidade de cada indivíduo, que deve buscar a orientação adequada, por meio de profissionais de saúde, professores de orientação sexual, livros especializados e a própria compreensão. "Entender a si mesmo será sempre algo significativo para adquirir a maturidade necessária para a vida", lembra.
Traumas
O trauma psicológico aparece sempre que a pessoa se inicia em qualquer área sem estar preparada. Os problemas psicológicos futuros, neste caso, são inevitáveis. No caso sexual, a iniciação inadequada pode refletir na conduta dos anos seguintes, trazendo ansiedade durante a relação sexual, disfunções e dificuldades no relacionamento. Todos estes problemas influenciam no cotidiano, porque o sexo faz parte da vida e, como tal, é primordial que seja bem vivenciado.
Conflitos

Para algumas pessoas, as experiências sexuais só ocorrem anos mais tarde, apesar de a adolescência ser um momento da vida em que a própria biologia leva ao envolvimento sexual. Para quem ultrapassou esta fase e não vivenciou o sexo, o risco de conflito é grande. No entanto, se a pessoa está bem consigo mesma, lembrando que a sexualidade envolve afeto, carinho e comunicação e não apenas genitalidade, não haverá problemas. Se existe o conflito, é necessário buscar ajuda profissional. O indivíduo deve buscar o equilíbrio da vida sexual, parando de exigir de si mesmo uma atitude que não pode ser assumida naquele momento.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Conheça os Principais Métodos Pedagógicos que existem no Brasil


• Pedagogia Waldorf (antroposofia)
- TEORIA

Método de ensino baseado nas conferências que o filósofo alemão Rudolf Steiner (1861-1925) deu a partir de 1919, trabalha em conjunto três âmbitos do desenvolvimento da criança: físico, social e individual. Os alunos são divididos em faixas etárias e não em séries, pois Steiner acreditava que cada idade tem necessidades específicas a serem atendidas. O aluno waldorfiano estuda com a mesma turma dos 7 aos 14 anos. Como o ritmo biológico não pode ser alterado, não há repetência. O método dá igual importância às formações ética, estética e acadêmica. Chama-se Waldorf pois os primeiros alunos de Rudolf Steiner foram funcionários da fábrica Waldorf Astoria, na Alemanha.
- APLICAÇÃO

A pioneira da pedagogia Waldorf no Brasil é a escola Waldorf Rudolf Steiner, de tradição alemã, fundada em 1956. Há outras três escolas em São Paulo que adotam a mesma metodologia.

• Maria Montessori
- TEORIA

Com Piaget, Maria Montessori (1870-1952) elaborou uma teoria científica do desenvolvimento infantil. Ao contrário deste, seu trabalho concentrou-se na elaboração de uma proposta pedagógica.
Para Montessori, o ensino deve ser ativo. A criança desenvolve um senso de responsabilidade por seu próprio aprendizado. A pedagogia montessoriana enfatiza a concentração individual por meio da manipulação de objetos. Na sala de aula, a atenção do aluno é desviada do professor para as tarefas a serem cumpridas. O professor é um "guia" que remove obstáculos à aprendizagem e isola as dificuldades da criança.
- APLICAÇÃO

Disposição circular da sala de aula, prateleiras com jogos pedagógicos acessíveis aos alunos, cubos lógicos de madeira para o ensino de matemática são algumas das inovações do método montessoriano usadas até hoje nas escolas.

• Construtivismo/estruturalismo de Jean Piaget
- TEORIA

O filósofo Jean Piaget (1896-1980) estudou os modos com que a criança entende o mundo espontaneamente por assimilação -organizando os dados do exterior de uma maneira própria- e por acomodação, isto é, "deformando" essa organização para poder compreender a realidade.
Para Piaget, a inteligência lógica tem um mecanismo auto-regulador evolutivo. Certas noções, como quantidade, proporção, sequência, causalidade, volume etc. surgem espontaneamente em momentos diferentes do desenvolvimento da criança em sua interação com o meio.
As idéias de Piaget garantiram aos psicólogos que havia um mecanismo natural de aprendizagem e que a escola deveria acompanhar a curiosidade da criança, propondo atividades com temas que a interessassem naquele momento, sem se prender a um currículo rígido.
O russo Lev Vygotsky, contemporâneo de Piaget, desenvolveu uma psicologia também chamada construtivista, mas considerando as atividades interpessoais da criança e a história social.

- APLICAÇÃO

No Brasil, o construtivismo começou a ser aplicado sistematicamente na primeira Escola Novo Horizonte e depois na Escola da Vila, em São Paulo.

• Pragmatismo

- TEORIA

Elaborado no início do século pelo educador norte-americano John Dewey (1859-1952), o pragmatismo ou instrumentalismo baseia-se na idéia de que a inteligência é um instrumento. Privilegia a resolução de problemas e a ciência aplicada.
É um modelo de educação que se opõe ao ensino europeu clássico, mais abstrato e concentrado nas humanidades e na filosofia.
- APLICAÇÃO

Na década de 20, influenciou o movimento da Escola Nova, que, no Brasil, tentou a reforma do ensino introduzindo métodos ativos de participação dos alunos na sala de aula.

• Construtivismo pós-piagetiano

- TEORIA

A Argentina Emilia Ferreiro, aluna de Jean Piaget, expandiu as idéias de seu mestre para o campo da escrita e da leitura. Concluiu que a criança descobre as regras da língua escrita (ler da esquerda para a direita, entender que as letras reproduzem a fala) antes mesmo de ir à escola.
Grande parte das crianças se alfabetiza sozinha, desde que imersa num ambiente alfabetizante.
Ferreiro e Ana Teberosky descobriram que toda criança passa pelas mesma fases ao aprender a ler e escrever e que essas fases determinaram o tipo de erro que cometem.
Essas descobertas vêm revolucionando as formas mais tradicionais de alfabetização, baseadas em cartilhas que apresentam apenas fragmentos da língua escrita.
- APLICAÇÃO

Generalizada. A grande maioria das escolas brasileiras, incluindo as da rede pública, recorre hoje à teoriado construtivismo e às idéias dos teóricos pós-piagetianos. Mudam os materiais didáticos e a organização da aula.

• Ensino tradicional
- TEORIA

O que se chama ensino tradicional vem de inúmeras vertentes. Nas escolas laicas, o que predomina é uma tradição conteudista centrada no professor, que é um transmissor de cultura. O sistema de avaliação procura aferir a quantidade de informação absorvida pelo aluno. Esse modelo de ensino foi difundido pelas escolas públicas francesas a partir do Iluminismo (séc. 18). Pretendiam universalizar o acesso ao conhecimento para formar cidadãos.
- APLICAÇÃO

A tradição conteudista, tida como ultrapassada e acrítica durante as décadas de 60 e 70, volta a ter prestígio hoje, mesmo nas escolas que já foram construtivistas. Crê-se que não há como formar um aluno crítico e questionador sem uma base sólida de informação.

O que analisar na escolha da pré-escola da Folha de S.Paulo

Profissionais: observe se os profissionais que vão cuidar do seu filho são pessoas carinhosas e distribuem atenção entre várias crianças, por exemplo. Para cada sala de 10 a 12 alunos muito pequenos, são precisos pelo menos dois profissionais para prestar os devidos cuidados. A criança de um ou dois anos deve ser atendida prontamente, ela não tem idade para desenvolver a qualidade da paciência. Faça uma visita durante o horário escolar para ver se a relação dos profissionais com as crianças é afetuosa e se as crianças estão felizes. Preste atenção também no perfil do profissional que lhe atende. Se você for recebido por um coordenador ou professor capaz de explicar os métodos pedagógicos, é um sinal de que a escola valoriza o diálogo com os pais.

Instalações: observe os aspectos físicos da escola. O prédio não precisa ser bonito e moderno, mas tem de ser seguro e acolher adequadamente as crianças, ou seja, satisfazer as necessidades específicas da faixa etária dos alunos. As escadas e as janelas oferecem perigo? O vaso sanitário é baixo? A criança tem fácil acesso às pias? As salas são arejadas? Há espaços abertos e ensolarados para a criança brincar? Há elementos como água, terra e areia? Verifique também as condições de higiene. O material escolar não precisa ser de primeira qualidade, mas deve ser limpo e adequado à idade de seu filho.

Rotina: analise a rotina da escola, é importante que ela seja adequada ao ritmo do seu filho. Por exemplo: ele poderá dormir no horário em que está acostumado? Como a escola trata o uso de fralda e de chupeta? Pergunte também sobre o lanche. Se for feito na escola, veja se é adequado para seu filho e se há necessidade de complementação alimentar.

Linha pedagógica: nessa fase, o fundamental é que a criança seja bem acolhida emocionalmente, mas é importante também verificar quais são os desafios propostos para o seu desenvolvimento cognitivo e motor. Os escorregadores, por exemplo, são muito pequenos ou muito grandes? Os brinquedos estimulam a movimentação física? Pergunte também quais são os desafios propostos para o aprendizado e a alfabetização.




terça-feira, 6 de julho de 2010

FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICO-SEXUAL



Na Psicoterapia Sistêmica as fases do desenvolvimento Psico-sexual são distribuídas de forma diferente da Psicanálise. Na escola de Freud é da seguinte forma : Fase oral/ fase anal/ fase fálica/ período de latência e fase genital. Já a Psicoterapia Sistêmica se apoia na teoria de Freud fazendo algumas alterações : fase oral/ fase anal/ fase fálica e recomeço na pré-adolescência da fase oral/ fase anal/ fase fálica.

Fase oral: de 0 a 18 meses

O bebê é egocêntrico, narcisista e enxerga a mãe como extensão dele ( como se fosse um adendo). Como se o mundo fosse ele ou que gira ao redor dele. Temos aqui a dependência primária : precisamos literalmente da mãe para sobreviver física e emocionalmente. E quem vai promover ou ajudar a romper com esse egocentrismo é a mãe.
A primeira separação que sofremos é com o nascimento. Saímos do nutrido, do calor e somos "expulsos". Nascemos sofrendo o processo de separação. Existem alguns bebês que resistem a esse processo de separação, porque eles percebem que não são desejados ( o não desejo de sua existência). Assim, esses bebês possuem menor resistência física e/ou emocional. Já nascem deprimidos ou com pouca pulsão de vida.
A segunda separação é quando o bebê começa a enxergar a mãe como "outra" pessoa. Ela é efetivada quando a mãe tem motivos para voltar aos outros papéis em sua vida : mulher, esposa, profissional, social.
Muitas mulheres agarram no papel de mãe porque se sentem poderosas, reconhecidas e amadas. O filho traz a vida que ela não tem. Ela vai ter um "único" filho neste momento e depois ela pode ir "segurando" os seus outros filhos sucessivamente.
O processo de separação dá-se junto com o final da amamentação. Quando a mãe começa a substituir o peito, criança e mãe sentem muito. Neste momento o bebê vivencia muito ódio, frustração, raiva, angústia, dor, ansiedade, impotência (Fase depressiva, descrita por M. Klein). E a mãe sente ansiedade, angústia, com a possibilidade do bebê não precisar mais dela.
Melaine Klein : Nesta separação, a criança vive a cisão do seio em seio bom e seio mau. Exemplo : Quando a mãe sai (seio mau), a ansiedade é muito grande. Se o bebê sabe que ela vai voltar, ele aprende a esperar. Se ela demora demais ou mesmo que ela volte, mas não está disponível, ele vive o sentimento de abandono e rejeição e se torna muito ansiogênico. ( Posição esquizo-paranóide). Mas, se também só o seio bom é ativado traz a dependência pura ou simbiose.

*** Todo esse processo é inconsciente e o ego começa a estruturar quando ocorre a separação mãe-filho.

Fase anal: de 18 meses a 3 anos e meio aproximadamente

Controle dos esfíncteres. Aqui o bebê vai aprender sobre limites. São dois movimentos : expulsão e retenção.
Retenção : ter/ segurar/ reter/ controlar/ guardar
Expulsão : doar/ eliminar/ excluir/ separar
Tem bebê que demora a reter ( faz xixi e cocô na calça) e tem bebê que fica segurando (fica dias sem fazer cocô).
Aqui estamos aprendendo o equilíbrio em dar e receber , internalizando o NÃO. Começou a ser introduzido na 1ª fase e aqui é introjetado de vez = formação do SUPEREGO.
O não é acompanhado de testes . Exemplo : "menino , não ponha o dedo aí !" Ele vai e testa. E quanto mais ele desconfia do amor do pai e da mãe, mais ele testa esta autoridade. Na verdade, a criança quer ver se pode "confiar" nestas pessoas. Ele está testando a coerência.
Aqui dá-se os primórdios do Complexo de Édipo = a criança testa a coerência e a autoridade dos pais e na verdade ele testa o AMOR. Testa também a relação do casal, se tem coerência, se o casal tem afinidades, se estão verdadeiramente juntos ou não.
Assim, a criança vai aprender o que é autoridade. O desequilíbrio é a resistência de sair do narcisismo, do egoico, da dependência.

Fase fálica : aproximadamente de 3 a 6 anos.

• Se tudo estiver acontecendo de forma funcional, a criança "entende" que a mãe tem um outro "objeto de desejo" que é o seu pai. Neste momento que vai acontecer a "triangulação" ou a questão "edipiana".

Complexo de Édipo Funcional
O menino "seduz" a mãe . Aqui acontece a primeiro choque entre pai e filho.

O pai é que faz o corte e para isto acontecer, depende da relação estabelecida entre o casal. Essa é a oficialização do PAI INTERNALIZADO.

Aqui acontece a identificação masculina : o menino quer ficar poderoso como o pai para ter uma mulher como a que o seu pai tem. Aqui precisa de um pai tranqüilo do seu papel masculino e de um casal saudável.

** Se essa mãe for viúva por exemplo, um outro homem (tio, padrinho, avô, namorado da mãe) é que deve fazer o corte. Esse corte tem que ser feito por um homem.

Complexo de Édipo disfuncional

1º caso )

É um casal disfuncional : esse homem não tem desejo e satisfação com essa mulher. Ele pode funcionar como seu pai, filho , inimigo, sócio dela, etc.
Quando esse filho vai seduzir a mãe , ela gosta porque esse marido não corresponde a seus desejos. Então, ela elege o filho como "parceiro" e o marido não faz o corte entre essa mãe e o filho. A mulher "sobe" esse filho para o lugar de "marido" (substituindo a carência marital ).

Aqui o filho fica órfão de pai.

Hipóteses para o futuro disso :

• esse filho pode ter muita dificuldade de relacionamento e de se entregar a outra mulher, ficando solteirão para cuidar da mãe.

• Pode acontecer também da mãe não desqualificar o pai , embora esse homem não preencha sua carência afetiva e aí ela fica com 2 homens ( pai e filho).

• Esse filho pode casar, mas somente com uma mulher escolhida pela mãe, que não vai roubá-lo dela. Tem que ser uma mulher forte como a mãe, mas que, enquanto estiver viva não a ameace e que quando ela morrer, essa mulher cuide de seu filho como ela cuidava.

• Esse homem que ficar com uma mulher não escolhida pela mãe, "brocha" na cama ou tem pouco desejo por essa mulher porque sente que está traindo a mãe.

2º caso)
A primeira tendência é a mãe fazer do filho o seu "marido".

Essa mãe faz dois papéis : de mulher do filho e de pai do filho, querendo o ensinar a ser homem.

• A grande hipótese do homossexualismo é aqui. O filho vai seduzir a mãe, e não tem ninguém para fazer o corte ( um homem), então, sobrou para ele se identificar com a mãe. Ele cria uma resistência por mulher, porque foi uma própria mulher (sua mãe) que tentou ensiná-lo a ser homem.

• Essa mãe, na verdade, acha muito bom que seu filho não tenha "outra" mulher. Ele pode até transar com quantos homens quiser, mas nunca com "outra" mulher.

• Aqui também, pode acontecer dele ficar com raiva de mulher ( e não ser homossexual). Ele até transa com elas, mas não vincula, porque ele está casado com a mãe (fica solteirão).

3º Caso)
*** Esse casal está feliz de ser assim : pai ( gênero masculino, papel feminino) e a mãe ( gênero feminino, papel masculino). Aqui não existe angústia, dor. Eles estão satisfeitos com seus papéis.
Então, por instinto o filho seduz a mãe, o pai não faz o corte. É a própria mãe que faz isso , porque ela tem a função masculina do casal e porque ela já tem o seu namorado ( que é o marido) .
Assim, a mãe não impede que o filho faça a identificação com o pai, porque eles (o casal) têm uma boa relação afetiva. Esse filho se identifica com o pai e vai buscar uma mulher forte como a mãe.
O filho não será homossexual e será um homem mais sensível ( como o pai) e vai viver como seus pais vivem : felizes ! Esta família não é tão disfuncional.

4º Caso)
Esse casal vive essa troca de papéis, mas a mulher vive muito incomodada e diz :

- "Seu pai é um banana!"

Então, a mãe não deixa o filho se identificar com o pai. Ela sutilmente diz :

• "Não seja igual a seu pai que é um banana ! Seja igual a mim que sou forte !"

• Aqui o homossexualismo também é uma grande possibilidade.

• Assim, ele é homem (gênero masculino) , seu papel de identificação ( que é a sua mãe) é masculino, ele vai buscar um homem, no papel feminino (como o pai). Ou seja, vai buscar uma figura feminina no gênero masculino, porque o feminino está no pai (no homem). Houve uma "truncagem" edipiana.

Sobre o homossexualismo masculino :

O homossexualismo (tanto o masculino quanto o feminino) é um assunto polêmico e não tem regras do tipo: quando acontece isso, então dá-se o homossexualismo. Pode ser que sim e pode ser que não. Na verdade, cada caso é um caso.
96 % dos homossexuais são de gênero masculino, papel masculino e com desejos e práticas homossexuais. Esses homossexuais não querem deixar de ser homens. Eles querem ser homens, só que desejam um outro homem. Somente 4% dos homossexuais possui transtorno de gênero. Ou seja, são homens que têm desejo de ser mulher . Eles se sentem como mulher , não se adaptam internamente e por causa disso são mais agressivos. Aqui o componente suicida é muito forte, porque são muito depressivos ou com fortes traços depressivos. Outros psicotizam, porque não dão conta de lidar com a realidade díficil que é ter um corpo masculino e o sentimento de ser mulher .
Os casos de transtornos de gênero ( travestis, transexualismo, bissexualismo, etc), são casos mais especiais ainda e que cada um deverá ser melhor entendido. Como por exemplo : se um pessoa com transtorno de gênero fizer um cirurgia para trocar de sexo, não quer dizer que vai fazer uma escolha heterossexual. Poderá ser também uma opção homossexual.
Uma grande parte dos homossexuais não-assumidos são casados e têm filhos. Esses homens buscam travestis (que é o estereótipo de mulher), mas na hora da cama, eles fazem o papel passivo. Eles têm práticas heterossexuais, só que eles têm desejos homossexuais. Muitos deles, ainda, são machões e odeiam gays. Eles jamais assumem a sua homossexualidade ou sequer tomam consciência dela. Têm Homofobia : medo do homossexualismo.

Complexo de Electra funcional ( dos 3 aos 6 anos aproximadamente)
A menina seduz o pai, e quem vai fazer o corte é a mãe (se o casal é funcional). A mulher diz para a filha : - Ele é seu pai e é meu marido, meu namorado !
Neste primeiro momento existe a coalizão da filha com a mãe, mas no segundo momento essa filha faz uma aliança com a mãe (passa batom, põe sapato da mãe). Aqui fechou o complexo de Electra.
No complexo de Édipo, o primeiro amor do filho é heterossexual (a mãe) e ele disputa com o pai. Já na questão feminina (Electra), o primeiro amor é homossexual (a mãe), por volta dos 3 anos instintivamente ela se apaixona e seduz o pai, ou seja, trai seu primeiro amor que é a mãe. Aqui aparece um sentimento de culpa que todas as mulheres carregam para o resto da vida. A mulher sempre tem uma grande culpa em relação às suas mães, com muitas dificuldades de terem ou serem diferentes de suas mães. Muita mulher não sai desse débito, dessa culpa e muitas vezes ela busca uma relação tão disfuncional ou difícil como foi a da sua mãe.
Como terapeutas, devemos ajudar às clientes a fazer dois rompimentos : primeiro com o pai e depois com a mãe. Muitas vezes as mulheres rompem com os pais e não conseguem romper com suas mães.

Complexo de Electra Disfuncional
Esse casal já assumiu que sua relação não é satisfatória.

Aqui a filha vai seduzir o pai e essa mãe não faz o corte, porque ela não liga (acha até bom). Ele também acha ótimo e essa filha vira a filha/esposa, a mulher que esse pai/homem desejava ter. Aqui a filha fica órfã de pai e pode acontecer envolvimento sexual, chegando às vias de fato.

O que pode acontecer com essa filha no futuro :

• Ela pode ficar solteirona a vida inteira porque já é casada com o pai.

• Ela pode casar com outro homem mais velho (o "pai"). Faz uma transferência, e esse homem será muito parecido com seu pai.

• Ela pode ficar solteira (casada com o pai) assumindo todas as responsabilidades com os outros irmãos e a própria mãe vira sua filha.

• Também pode acontecer da mãe ficar com ódio desta filha, e se tornarem rivais de fato (disputa edipiana). A mãe pune a filha pelo resto da vida, por ela ser a "queridinha do papai". Ou seja, a filha que o pai ama mais do que a própria esposa, vai ser odiada pela própria mãe. E assim, essa filha fica órfã de pai e mãe.

• Observação : esse pai pode ter até um harém de filhas/namoradas e cada uma com função diferente no sistema.

2º caso ) :
Essa filha torna-se a mulher do pai e assim não aproxima nenhuma outra mulher dele.

Ela vai se identificar com o pai, porque não tem uma mulher para fazer o corte. Ela pode ficar muito masculinizada e pode acontecer, se houver outra filha, dessa ficar muito feminina e até ter uma 3ª irmã que vai ser a filha das duas.
Aqui pode chegar a um homossexualismo latente ou até emergente ( busca na relação com outra mulher a mãe que não teve).

Observação : Tem a mulher homossexual que ama o pai e odeia a mãe, mas tem também aquela que odeia o pai e defende a mãe que é anulada e submissa a esse pai.

3º caso)
Aqui o casal é truncado, mas é feliz. Acontece então a filha inicialmente seduzindo pai, vem o corte dessa mãe e ela vai se identificar com a mãe, que tem o papel masculino. Assim, ela poderá buscar um homem mais sensível como o pai.
Mas se o casal é truncado e não são felizes pode acontecer o seguinte:
A filha seduz o pai, a mãe pode fazer o corte, mas dizer sempre :

- Seu pai é um banana !

Isto porque esta mãe possivelmente é muito durona e tem inveja da afetividade do marido. Assim, essa filha fica com dificuldade de valorizar os homens. A mãe não era homossexual, mas a filha pode tornar-se, buscando uma companheira mais passiva. Ela poderá estar vivendo o homossexualismo para a mãe e para ela mesma.

Texto : Jaqueline Cássia de Oliveira - Curso de Prática Sistêmica - Fev/ 2002