"O amor, o conhecimento e o trabalho, são fontes de nossas vidas. Deveriam também governá-los". - Wilhelm Reich







segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Psicose



Generalidades

A psicose é um estado anormal de funcionamento psíquico. Mesmo não sabendo exatamente como são as patologias psiquiátricas, podemos imaginar algo semelhante ao compará-las com determinadas experiências pessoais. A tristeza e a alegria assemelham-se à depressão e a mania, a dificuldade de recordar ou de aprender estão relacionada à demência e ao retardo, o medo e a ansiedade perante situações corriqueiras têm relações com os transtornos fóbicos e de ansiedade. Da mesma forma outros transtornos psiquiátricos podem ser imaginados a partir de experiências pessoais. No caso da psicose não há comparações, nem mesmo um sonho por mais irreal que seja, não é semelhante à psicose.
A essência da psicose

Quando alguém nos conta uma história realista dependendo da confiança que temos nessa pessoa acreditaremos na história. Na medida em que constatamos indícios de que a história é falsa começamos a pensar que nosso amigo se enganou ou que no fundo não era tão confiável assim. Nesse evento o que se passou? Primeiro, um fato é admitido como verdadeiro, depois novos conhecimentos ligados ao primeiro são adquiridos, por fim a confrontação dos fatos permite a verificação de uma discordância. Do raciocínio lógico surgiu um questionamento. Essa forma de proceder provavelmente é exercida diariamente por todos nós. A forma de conduzir idéias confrontando-as com os fatos é uma maneira de estabelecer o contato com a realidade. O que aconteceria se essa função mental não pudesse mais ser executada? Estaríamos diante de um estado psicótico!

Pois bem, o aspecto central da psicose é a perda do contato com a realidade, dependendo da intensidade da psicose. Num dado momento a perda será de maior ou menor intensidade. Os psicóticos quando não estão em crise, zelam pelo seu bem estar, alimentam-se, evitam machucar-se, têm interesse sexual, estabelecem contato com pessoas reais. Isto tudo é indício da existência de um relacionamento com o mundo real. A psicose propriamente dita começa a partir do ponto em que o paciente relaciona-se com objetos e coisas que não existem no nosso mundo. Modifica seus planos, suas idéias, suas convicções, seu comportamento por causa de idéias absurdas, incompreensíveis, ao mesmo tempo em que a realidade clara e patente significa pouco ou nada para o paciente. Um psicótico pode sem motivo aparente cismar que o vizinho de baixo está fazendo macumba para ele morrer, mesmo sabendo que no apartamento de baixo não mora ninguém. A cisma nesse caso pertence ao mundo psicótico e a informação aceita de que ninguém mora lá é o contato com o mundo real. No nosso ponto de vista são dados conflitantes, para um psicótico não são, talvez ele não saiba explicar como um vizinho que não está lá pode fazer macumba para ele, mas a explicação de como isso acontece é irrelevante, o fato é que o vizinho está fazendo macumba e pronto. O psicótico vive num mundo onde a realidade é outra, inatingível por nós ou mesmo por outros psicóticos, mas vive simultaneamente neste mundo real.
Delírio, o principal sintoma

O delírio é toda convicção inabalável, incompreensível e absurda que um psicótico tem. O delírio pode ser proveniente de uma recordação para a qual o paciente dá uma nova interpretação, pode vir de um gesto simples realizado por qualquer pessoa como coçar a cabeça pode vir de uma idéia criada pelo próprio paciente, pode ser uma fantasia como acreditar que seres espirituais estejam enviando mensagens do além através da televisão, ou mais realistas como achar que seu sócio está roubando seu dinheiro. O delírio proveniente de eventos simples como coçar a cabeça são as percepções delirantes. Ver uma pessoa coçar a cabeça não pode significar nada, mas para um paciente delirante pode, como um sinal de que a pessoa que coçou a cabeça julga-o (paciente) homossexual. Quando a idéia é muito absurda é fácil ver que se trata de um delírio, mas quando é plausível é necessário examinar a forma como o paciente pratica a idéia que defende. O exemplo do vizinho acima citado também é um delírio. A constatação de um delírio não é tarefa para leigos, nem mesmo os clínicos gerais estão habilitados para isso; somente os psiquiatras e profissionais da área de saúde mental.



domingo, 20 de fevereiro de 2011

Reich e a Revolução Sexual



Para Reich, a maioria dos instintos socialmente perturbadores, como a agressividade, as taras, a violência sexual, não passam de conseqüências de repressão sexual imposta aos indivíduos pela sociedade. A moral repressiva das sociedades autoritárias deforma os instintos sexuais, que acabam se exteriorizando agressivamente e prejudicialmente para a própria comunidade. Nessas condições, amoral repressiva (ou a civilização que esteriliza os instintos de prazer) é a grande responsável pela violência e agressividade da humanidade, e não, como afirmava Freud, uma necessidade de suprimir ou refrear tais instintos.

Na verdade, afirma Reich, a moral repressiva serve menos para represar instintos nocivos à sociedade e mais para atender aos interesses das classes dominantes em manter os seus privilégios econômicos. Evidentemente, à medida em que provoca taras e perversões, a moral repressiva deve tornar-se cada vez mais repressiva para controla-las. Porem, a causa primeira dessas manifestações “anti-sociais” não é a natureza humana supostamente agressiva, e sim a própria civilização repressiva.

Dessa forma, Reich procurava opor-se à concepção freudiana de civilização, onde esta é tida como repressiva em qualquer circunstância. Na verdade, Reich não negava o caráter repressivo da civilização atual, mas apontava para a possibilidade de uma outra não repressiva, isto é, uma organização social onde não houvesse a dominação de homem pelo homem. A civilização repressiva corresponde a uma fase especifica da historia da humanidade e pode ser superada, uma vez que não corresponde a nenhuma característica “natural” e inevitável do ser humano.

Diante desses argumentos, a abordagem freudiana corre risco de tornar-se conservadora e a-histórica, e mesmo justificar a dominação de classe e a sua manutenção, a despeito de Freud ser o grande inspirador da obra de Reich.

Nos primórdios do capitalismo, a moral repressiva deveria facilitar a formação de novos contingentes de trabalhadores, e, assim, o sexo “normal” era aquele restrito à procriação e que não desperdiçasse o tempo e as suas energias que os trabalhadores tinham de guardar para o seu trabalho nas fabricas. Provavelmente por isso, a moral vitoriana exigia decotes fechados e atitudes mais recatadas, e incidia com rigor especial sobre a mulher, a única que poderia garantir a existência de herdeiros consangüíneos para o capital. Então, a fêmea deveria ser mantida em regime de monogamia vigiada, enquanto fechavam-se os olhos, ou, até mesmo, eram incentivadas as “aventuras” masculinas.

A família tradicional inicia o seu trabalho de castração (ou de formação de personalidade autoritária) sobre os primeiros instintos eróticos da criança. Esta fica impedida não apenas de dar vazão à sua atração pelos pais, como também de realizar jogos eróticos com seus amiguinhos, ou mesmo de praticar a masturbação (para os ignorantes pais que acham que isso é um insulto ou sem vergonhice, experimente fazer isso e acabará transformando seu filho naquilo que realmente o pai não deseja: uma criança sem amigos, com tendências homossexuais, carência, submisso, medo do outro, medo de amar, viver sob pressão, transtorno de personalidade, introversão, brigas escolares onde ele sempre sai perdendo, apelidos de mal-gosto, torna-se um esparro, etc.). Assim, a sexualidade vai adquirindo deformações anti-sociais, e criam-se seqüelas que vão se alargando à medida que os indivíduos vão se defrontando com novas interdições sociais.
Na família compulsiva, diz-nos Reich, o pai é o representante máximo da autoridade. Ele é o encarregado de impor aos filhos a moral repressiva e os pontos de vista do status quo.

Essa repressão familiar aleija psiquicamente os indivíduos, bloqueando-os em suas manifestações criativas e afetivas, e dotando-os de uma estrutura mental de vassalo. Isso implica torna-los impotente (ou pelo menos, deformar suas energias sexuais), com medo e submissão à autoridade e, ao mesmo tempo, com uma forte ânsia de exerce-la, de assumir o poder para proteger-se de suas próprias inseguranças. A situação autoritária garante uma certa estabilidade e a existência de pais (primeiro o familiar, e depois as instituições estatais), que dizem o que fazer ao enorme bando de filhos inseguros.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Estou de volta!

Caros Amigos e Leitores,

Peço desculpas pelo meu desaparecimento, mas não tive um pingo de culpa.
Mudei de residência e não havia como a empresa Oi transferir meu telefone e minha velox, então tive de fazer uma nova inscrição e agardar "apenas" 2 meses para que tudo voltasse ao normal.
Deixo aqui esta nota rápida, para informar que o blog no foi abadonado e não será desativado.
Semana que vem estarei com novas matérias por aqui, aguardem!

Obrigada por sua atenção!
Bjs,
Lilian Aldeia