"O amor, o conhecimento e o trabalho, são fontes de nossas vidas. Deveriam também governá-los". - Wilhelm Reich







sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

DINFUNÇÕES SEXUAIS

    Uma Disfunção Sexual caracteriza-se por uma perturbação nos processos que caracterizam o ciclo de resposta sexual ou por dor associada com o intercurso sexual. O ciclo de resposta sexual pode ser dividido nas seguintes fases:
1. Desejo: Esta fase consiste de fantasias acerca da atividade sexual e desejo de ter atividade sexual.
2. Excitação: Esta fase consiste de um sentimento subjetivo de prazer sexual e alterações fisiológicas concomitantes. As principais alterações no homem consistem de tumescência e ereção peniana. As principais alterações na mulher consistem de vasocongestão pélvica, lubrificação e expansão vaginal e turgescência da genitália externa.
3. Orgasmo: Esta fase consiste de um clímax do prazer sexual, com liberação da tensão sexual e contração rítmica dos músculos do períneo e órgãos reprodutores. No homem, existe uma sensação de inevitabilidade ejaculatória, seguida de ejaculação de sêmen. Na mulher, ocorrem contrações (nem sempre experimentados subjetivamente como tais) da parede do terço inferior da vagina. Em ambos os gêneros, o esfíncter anal contrai-se ritmicamente.
4. Resolução: Esta fase consiste de uma sensação de relaxamento muscular e bem-estar geral. Durante esta fase, os homens são fisiologicamente refratários a outra ereção e orgasmo por um período variável de tempo. Em contrapartida, as mulheres podem ser capazes de responder a uma estimulação adicional quase que imediatamente. Os transtornos da resposta sexual podem ocorrer em uma ou mais dessas fases. Sempre que mais de uma Disfunção Sexual estiver presente, todas são registradas. Os conjuntos de critérios não fazem qualquer tentativa de especificar uma freqüência mínima ou faixa de contextos, atividades ou tipos de encontros sexuais nos quais a disfunção deve ocorrer. Este julgamento deve ser feito pelo clínico, levando em consideração fatores tais como a idade e experiência do indivíduo, freqüência e cronicidade do sintoma, sofrimento subjetivo e efeito sobre outras áreas do funcionamento. As palavras "persistente ou recorrente" nos critérios de diagnóstico indicam a necessidade deste julgamento clínico. Se a estimulação sexual é inadequada em foco, intensidade ou duração, não é feito o diagnóstico de Disfunção Sexual envolvendo excitação ou orgasmo.
Subtipos
          Os subtipos são oferecidos para indicar o início, contexto e fatores etiológicos associados com as Disfunções Sexuais. Se múltiplas Disfunções Sexuais estão presentes, os subtipos apropriados para cada uma podem ser anotados. Estes subtipos não se aplicam a um diagnóstico de Disfunção Sexual Devido a uma Condição Médica Geral ou Disfunção Sexual Induzida por Substância. Um dos seguintes subtipos pode ser usado para indicar a natureza do início da Disfunção Sexual:
Tipo Ao Longo da Vida. Este subtipo se aplica se a Disfunção Sexual está presente desde o início do funcionamento sexual.
Tipo Adquirido. Este subtipo se aplica se a Disfunção Sexual se desenvolve apenas após um período de funcionamento normal. Um dos seguintes subtipos pode ser usado para indicar o contexto no qual a Disfunção Sexual ocorre:
Tipo Generalizado. Este subtipo se aplica se a Disfunção Sexual não está limitada a certos tipos de estimulação, situações ou parceiros.
Tipo Situacional. Este subtipo se aplica se a Disfunção Sexual está limitada a certos tipos de estimulação, situações ou parceiros. Embora na maior parte dos casos as disfunções ocorram durante a atividade sexual com um parceiro, em alguns casos pode ser apropriado identificar disfunções que ocorrem durante a masturbação. Um dos seguintes subtipos pode ser usado para indicar os fatores etiológicos associados com a Disfunção Sexual: Devido a Fatores Psicológicos. Este subtipo aplica-se quando fatores psicológicos supostamente desempenham um papel importante no início, gravidade, exacerbação ou manutenção da Disfunção Sexual, e condições médicas gerais e substâncias não exercem qualquer papel na etiologia da Disfunção Sexual.
Devido a Fatores Combinados. Este subtipo aplica-se quando 1) fatores psicológicos supostamente desempenham um papel no início, gravidade, exacerbação ou manutenção da Disfunção Sexual e 2) uma condição médica geral ou uso de substância também contribui, supostamente, mas não basta para explicar a Disfunção Sexual. Se uma condição médica geral ou uso de substância (inclusive efeitos colaterais de medicamentos) é suficiente para explicar a Disfunção Sexual, pode-se diagnosticar Disfunção Sexual Devido a uma Condição Médica Geral e/ou Disfunção Sexual Induzida por Substância.
Características Específicas à Cultura, à Idade e ao Gênero
          O discernimento clínico acerca da presença de uma Disfunção Sexual deve levar em consideração a bagagem étnica, cultural, religiosa e social do indivíduo, que pode influenciar o desejo sexual, as expectativas e atitudes quanto ao desempenho. Em algumas sociedades, por exemplo, o desejo sexual por parte da mulher recebe menor relevância (especialmente quando a fertilidade é a preocupação principal). O envelhecimento do indivíduo pode estar associado com uma diminuição do interesse e funcionamento sexual (especialmente em homens), mas existem amplas diferenças individuais nos efeitos da idade.
Prevalência
          Existem muito poucos dados epidemiológicos envolvendo a prevalência das várias disfunções sexuais, e esses mostram uma variabilidade extrema, provavelmente refletindo diferenças nos métodos de avaliação, definições usadas e características das populações amostradas.
Diagnóstico Diferencial
          Se o clínico considera que a Disfunção Sexual é causada exclusivamente pelos efeitos fisiológicos de uma determinada condição médica geral, o diagnóstico é de Disfunção Sexual Devido a uma Condição Médica Geral. Esta determinação fundamenta-se na história, achados laboratoriais ou exame físico. Quando se supõe que a Disfunção Sexual é causada exclusivamente pelos efeitos fisiológicos de uma droga de abuso, um medicamento ou exposição a uma toxina, o diagnóstico é de Disfunção Sexual Induzida por Substância. Cabe ao clínico investigar atentamente a natureza e extensão do uso de substâncias, inclusive medicamentos. Os sintomas que ocorrem durante ou logo após (isto é, em 4 semanas) a Intoxicação com Substância ou após o uso de medicamentos podem ser especialmente indicativos de uma Disfunção Sexual Induzida por Substância, dependendo do tipo ou quantidade da substância usada ou duração do uso. Se o clínico determinar que a disfunção sexual se deve tanto a uma condição médica geral quanto ao uso de uma substância, podem ser dados ambos os diagnósticos (isto é, Disfunção Sexual Devido a uma Condição Médica Geral e Disfunção Sexual Induzida por Substância). Um diagnóstico de Disfunção Sexual primária com o subtipo Devido a Fatores Combinados é feito quando se presume o papel etiológico de uma combinação de fatores psicológicos e uma condição médica geral ou substância, mas nenhuma etiologia isolada é suficiente para explicar a disfunção. Se o clínico não consegue determinar os papéis etiológicos dos fatores psicológicos, de uma condição médica geral e do uso de uma substância, diagnostica-se Disfunção Sexual Sem Outra Especificação. O diagnóstico de Disfunção Sexual também não é feito se a disfunção é melhor explicada por outro transtorno do Eixo I (por ex., se a redução do desejo sexual ocorre apenas no contexto de um Episódio Depressivo Maior). Entretanto, se a perturbação no funcionamento sexual antecede o transtorno do Eixo I ou é um foco de atenção clínica independente, pode ser feito um diagnóstico adicional de Disfunção Sexual. Em geral, se uma Disfunção Sexual está presente (por ex., Transtorno da Excitação Sexual), Disfunções Sexuais adicionais também estarão presentes (por ex., Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo). Nesses casos, todos os transtornos devem ser diagnosticados. Um Transtorno da Personalidade pode coexistir com uma Disfunção Sexual. Nestes casos, a Disfunção Sexual deve ser registrada no Eixo I, e o Transtorno da Personalidade, no Eixo II. Se uma outra condição clínica, como Problema de Relacionamento, está associada com a perturbação no funcionamento sexual, a Disfunção Sexual deve ser diagnosticada, e a outra condição clínica também é anotada no Eixo I. Problemas ocasionais com o desejo sexual, excitação ou orgasmo que não são persistentes ou recorrentes ou não são acompanhados por acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal não são considerados como Disfunções Sexuais.

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