"O amor, o conhecimento e o trabalho, são fontes de nossas vidas. Deveriam também governá-los". - Wilhelm Reich







quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Dona Madonna Foi à Terapia.

Primeiramente este artigo que escrevi foi exclusivo para ser anexado no trabalho monográfico inspirado na nossa cantora Favorita Madonna, meu amigo Élcio Ribeiro Filho, que em breve se tornará o mais incrível Estilista e Designer de Moda do Brasil.
Obrigada por vc existir em minha vida e também salvar minha sanidade em não vender ou doar um par de botas de salto anabela comprada em Madri. rs.
Te adoro! 


Dona Madonna Foi à Terapeuta.

Uma senhora muito bem arrumada, delicadamente perfumada e ornamentada de jóias, senta na sala de espera e folheia uma revista de moda. Não tira seus óculos, por mais que a sala esteja vazia, mas não quer ser reconhecida pelo último paciente que a psicóloga está atendendo.

Faltam apenas 10 minutos para entrar em cena, mas parece uma eternidade. Desiste da revista, estala os dedos, aquece as mãos alisando no vestido, olha um quadro abstrato na sala que não parece vir nada á cabeça com aquela imagem sem graça. Está com sede, mas nem se atreve em pegar um copo plástico e encher de água no bebedouro. Bate os sapatos no chão e olha mais uma vez para o relógio.

A terapeuta abre a porta, observa a senhora sentada a sua espera, sorri cautelosamente e volta a falar com o paciente que está na despedida.

A doutora abre a porta do consultório e convida a próspera paciente a caminhar para dentro dele e sentar-se em uma poltrona confortável. A terapeuta oferece um café e está por sua vez, aceita.

Tirando os óculos e, olhando fixamente para a terapeuta achando que esta vai tomar um susto, pois, MADONNA está sem sua sala, mas não, ela senta, toma seu café e inclina-se calmamente para a paciente e pergunta: “Que ventos a trazem aqui, senhora Madonna?”.

E Madonna fala!

Fala, fala, fala, fala, fala, fala sem parar tudo o que a gente já sabe!

Mãe, Pai, infância, adolescência, idade adulta, namorados, maridos, filhos, carreira, medos, enxaquecas, religião, envelhecimento etc.

A terapeuta olha para o relógio na parede e a paciente percebe que depois de tanta “tagarelagem” tem pouco tempo para uma resposta sobre sua personalidade impulsiva e dramática.

Ela pergunta se há outro paciente depois dela. A terapeuta diz que não.

“Ótimo! Tenho então mais 1 hora com você!” – diz ela com um sorriso de alívio.

E torna a falar.

Enquanto a terapeuta observa seus movimentos, sua fala acelerada e seu olhar fixo nela como se assim que terminar de falar, a terapeuta finalmente lhe dará uma “pílula” que solucionará todos os seus conflitos.

Mas terapia não é assim. Como é uma paciente que voltará quando lhe der na telha, vai ter de ser um parecer preciso e que não deixe perguntas soltas sem respostas diretas e confiáveis.

Ao fim de seu monólogo, Madonna diz a seguinte pergunta: “E aí? O que você acha?”

A terapeuta respira fundo, recosta em sua poltrona, toma mais um gole de café, levanta os olhos para aquela mulher que está a sua frente com 52 anos cheia de “por quês”, querendo respostas rápidas e que a deixem dormir mais tranqüila durante as madrugadas quando chega em casa depois de exaustivos espetáculos, jantares, viagens e festas.

Ela sabe que a terapeuta não pode fazer com que as respostas sejam completas naquela única sessão que extrapolou o tempo. Ela sabe que deverá vir mais vezes, mas seu tempo, ah, seu tempo que não existe muito e que fica sem respirar quando pensar que precisa descansar, mas sua mente nem quer saber disso e seu corpo reclama e seus pensamentos pipocam de questões.

Vamos tentar entender quem é esta senhora que foi à terapia em busca de respostas para perguntas antigas e futuras.

Madonna, de acordo com o psicólogo, psiquiatra e sexólogo Wilhelm Reich (1896-1957) o ser humano não deve ser identificado por rótulos, como Sigmund Freud( 1856-1939) trabalhou durante anos em suas análises e pesquisas. Avaliando cautelosamente a vida da paciente durante a infância, adolescência e fase adulta, ela tem traços de histeria, pois sua busca por aprovações, conquistas sexuais e discursos chocantes, oscilações de humor, medo da solidão, traumas em pontos diferentes de fases da vida, ela vive sempre em busca de algo que ela acredita que seja o melhor, mas no fundo não é exatamente o que deseja e o que acredita que possa ser seu futuro ao fim da vida.

Ela busca experiências religiosas, práticas sexuais diferentes e mais apreciativas (mas para quem?), avaliação de comportamento de quem vai se unir á sua trupe, aquele que sabe enfrentar obstáculos como ela enfrenta que tem a mesma sede e garra para vencer barreiras sociais e familiares, um bem estar para si e para os outros a sua volta. Proporcionar prazer da maneira melhor possível e que lhe convém sem machucar ao outro.

Essa busca lhe fere muitas vezes, inclusive quando se fala do pai ou da mãe e as expectativas de ser igual ou talvez melhor do que a mãe dela foi um dia.

A aprovação do pai sempre foi um alvo muito importante, mas ela quase nunca acertava o que deveria fazer para conseguir com que este pai se orgulhasse dela. Ora como criança, enfrentava com escândalos e situação tempestuosa ora com oferecimento de dinheiro ou algo para suprir a necessidade financeira. Essa filha não sabe o que fazer para agradar ao pai, porque esta não consegue ter um diálogo procurando a melhor solução para ganhar a atenção que na sua via de desejo é o ideal.

Essa busca nunca cessa. Assim como as questões do por que o falecimento precoce da mãe e suas práticas religiosas severas.

O desejo de ser melhor que seus pais para com a educação de seus filhos, a busca pela correção de seus erros que não apareçam no meio familiar, que seja encoberto para que ela não tenha que dar explicações e se envergonhar.

Os inúmeros namoros, flertes e casamentos que não tiveram um final muito feliz. A busca da perfeição, o carinho máximo e o prazer entre as partes onde se pode ver ternura e paixão. Freud nos diz que buscamos o espelho que temos dentro de nossas casas e, não deixo de discordar de tal frase. Madonna buscou muito nos relacionamentos, homens e mulheres, aquilo que ela não podia ter em casa, mas também procurou traços de personalidades destes que ela queria, aja a vista que ela não podia ter sexualmente e sentimentalmente falando. Ou seja, procurou homens e mulheres severos, autoritários, sérios, com instintos maternos e paternos mais salientes que os dos pais.

Seu primeiro casamento foi alvo de muitas especulações e questões relacionadas a agressões físicas e psicológicas, neste caso, por mais que o amor valesse a pena, nunca era o bastante e mascarado pelo ato de possessão, ou seja, o ciúme do marido era como se ela fosse propriedade única dele e por esse motivo que ele, por ter também um histórico familiar conturbado, se encaixava no sentido de buscar aquilo que nunca tinha em suas famílias, amor incondicional e pleno.

Após a separação, muitas situações em que foram especuladas de dietas drásticas, visitas constantes a hospital e shows cancelados, devido sua estafa mental e sua desestruturação física.

Tempos se passaram e os relacionamentos continuaram, eram homens e mulheres, mais velhos, mais novos, introvertidos, brigões, autoritários, obsessivos e escandalosos, sempre.

Nunca havia uma situação em que seus relacionamentos não tivessem um momento de paz, ora por ela não aceitar a clausura do parceiro ou por seu trabalho exigir tanto, nunca era aceita a visão de que ela poderia trabalhar menos, sempre buscando o melhor e a perfeição no corpo e no amor. Vide também que o nascimento de sua filha foi de um relacionamento com alguém mais novo, de nível inferior ao dela, não tanto conturbado, mas infelizmente não foi adiante, e isso acabou indo a juízo pelas poucas condições financeiras do pai. A causa foi a favor da mãe.

Seu segundo casamento veio proveniente de uma segunda gravidez, um relacionamento que parecia tranqüilo, um homem estável, de bom comportamento e nada de situações doentias. Um homem também mais novo do que ela. O casamento durou bastante, mas infelizmente teve seu fim e não por problemas de convivência, mas por falta dela. Ajustaram as contas em juízo e cada um foi para seu local familiar e com guarda compartilhada das crianças, até por que após o nascimento do segundo filho, ela entrou com um processo de adoção junto ao esposo, sobre um caso de uma criança africana.

Em meio a separação e a criação dos filhos, as especulações de marketing e problemas sociais afetaram Madonna, devido as acusações também de adotar uma criança negra e pobre seria para beneficiar ainda mais sua carreira profissional. O que sabemos que ela não tem necessidade de se promover com uma situação tão delicada como essa.

Outra criança foi adotada, outra menina africana e seus relacionamentos voltaram a decolar, sempre nesta busca da maternidade e paternidade ideal que ela classifica para si.

É uma mulher sozinha interiormente, sempre ativa para não cair na insanidade. À medida que a idade avançou esta por sua vez tranqüilizou escândalos, vida social e amorosa, talvez para preservação dos filhos. Algo a se pensar o porquê sua vida acalmou.

A religião também é um ponto intrigante, aja a vista de ela tinha uma educação rígida e que a abandonou na adolescência. Após anos nesta busca de um deus que ela compreenda e lhe fala as graças alcançadas fluírem, ela conheceu a Cabala. Mesmo que esta obsessão foi durante um período bastante importante e até crítico para a sua carreira, os olhos foram se abrindo e não mais a “gana” de estar sempre ali foi esvanecendo.

Hoje, ela continuar buscando respostas, muitas foram esclarecidas e outras esquecidas sem importância no passado, pois o futuro é incerto até mesmo para esta mulher que durante anos buscou a visão mais ampla das palavras que sempre pairavam em sua vida: amor, sexo, religião e afeto familiar.



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