"O amor, o conhecimento e o trabalho, são fontes de nossas vidas. Deveriam também governá-los". - Wilhelm Reich







quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Quem São Nossas Crianças?


Que saudade que eu tenho da minha infância querida...; ...só quando você crescer! Fonte de preocupação; negligenciadas. Desejadas; colocadas no lixo. Um ECA de primeiro mundo; uma eca nas ruas, casas, escolas. Amadas; surradas. Ingênuas; prostituídas. Que têm Dvd no banco de trás do carro; que batem no vidro para pedir uma moeda. Que trabalham; que brincam. Analfabetas; experts em informática. Hiperativas; medicadas. Protegidas; institucionalizadas. Livres; disciplinadas. Violentas; violentadas. Oposições? Algumas vezes sim, não há como negar. Mas pense bem, será que, por caminhos diretos ou metafóricos, muitas vezes estas condições não estariam lado a lado na vivência da mesma criança? Então, não seria mais adequado pensar que as expressões acima funcionam como partes de um mosaico, como flashes da infância na sociedade brasileira?

A disciplina tem como objetivo discutir algumas destas questões, buscando problematizar a visão de que existe uma infância boa e outra ruim – e também a máxima de que estaríamos diante do “fim da infância”. Pensar as condições e possibilidades das crianças em nossa sociedade – e as práticas que a psicologia pode propor – será a tônica dos nossos estudos.

Fases da infância

O livro relata que durante muito tempo o papel da criança na história foi negligenciado. Era incerta a sobrevivência, pela falta de cuidados e tecnologia e pelos altos indices de natalidade. A alta taxa de mortalidade aliada às crenças religiosas de que era mais um anjo no céu levava a que se considerassem as crianças como um adulto de tamanho reduzido.

A verdade é que perder um filho pequeno nunca foi, para a família patriarcal a mesma dor profunda que para uma família de hoje. O anjo ia para o céu. Para junto de Nosso Senhor, insaciavel em cercar-se de anjos (Gilberto Freire, Casa-Grande & Senzala).

A autora revela também duas outras características gerais da infância dessa época antiga: a alta taxa de ilegitimidade e o trabalho precoce. Divide ainda a população infantil segundo sua origem social, entre originários da elite, das famílias escravas e dos índios, as três classes mais representadas então.

As crianças da elite

Depois do descobrimento do Brasil, chegaram as primeiras famílias colonizadoras e com elas vieram as crianças portuguesas, de diferentes classes sociais: a classe mais alta, formada pelos nobres da corte e as famílias mais simples, mas que também possuiam algum poder social. Nessas classes, além da mãe, do pai e dos filhos, havia uma variedade de coadjuvantes como os professoras particulares, as aias, as amas, as babás, as criadas etc.

Um dado marcante era que quanto mais alta fosse a classe social dos pais, mais distantes estavam eles dos filhos. A amamentação era considerada uma tarefa exaustiva para a mãe então, anúncios de oferecimento de amas-de-leite eram publicadas nos jornais, onde estavam incluídas outras informações, como a idade da ama e o período de lactação, ou seja, o tempo que ela poderia amamentar.

Programadas para manter a exclusão social, ao chegar a certa idade eram afastadas de mucamas e amigos de infância filhos de escravos e enviados a estudar fora.

Índios
As crianças índias eram chamadas de "curumins" e, desde cedo, já ajudavam os pais no plantio, na colheita, na caça e pesca etc.


As mães indias tinham um cuidado especial com a higiene, banhando as crianças várias vezes ao dia. Nas aldeias e agrupamentos índigenas, antes do descobrimento do Brasil e do povoamento das terras brasileiras, as crianças já se divertiam e tinha um papel nas aldeias. Quando completavam quatro ou cinco anos aprendiam a caçar, a andar pela floresta, a pescar e a fazer seus próprios brinquedos.

Os meninos ficavam com as tarefas mais dificéis e de maior responsabilidade e as meninas aprendiam com as mães a tecer redes, limpar as ocas, a plantar e a colher, mas também aprendiam a sustentar a família, como os meninos.

Depois do descobrimento, muitos índios foram escravizados, e os filhos de escravos eram vendidos ou então iam trabalhar nas casa dos barões.

As crianças filhas de escravos negros

A partir dos sete anos, as crianças dos escravos já podiam ser separados dos pais, e já podiam ser vendidas para trabalhar para outras famílias. Às vezes, os nobres compravam os escravos crianças com a finalidade de proporcionar uma distração para os filhos, para serem companheiros nas brincadeiras. maus tratos eram freqüentes.

As crianças costumavam acompanhar a mãe no trabalho no campo e já ajudavam a plantar e colher desde pequenas. Um dado pouco conhecido é que cerca de vinte por cento dos transportados em navios de tráfico eram crianças, preferidos por ocuparem menos espaço e comerem menos. Eram capturadas nas ruas da África ou ainda compradas aos pais por preço vil.

A Lei do Ventre Livre

A Lei do Ventre Livre foi uma lei assinada em 1871 e que tornou livres as crinças filhas de mães escravas.

"Art. 1° - Os filhos de mulher escrava que nascerem no Império desde a data dessa lei serão considerdas de condiçãos livre."

Os Voluntários da Pátria

Grande parte do contingente forçado que lutou na Guerra do Paraguai eram crianças. A obtenção de voluntários consistia em fechar uma rua de movimento em uma determinada cidade e obrigar todos os aptos a se alistarem a ponta de baioneta. O fato de ser criança não era impedimento e muitas foram à guerra. Muitas crianças abandonadas que perambulavam pelas cidades também eram obrigadas por chefes de polícia a irem para a guerra. Por serem mais fáceis de repor, eram utilizadas em tarefas mais perigosas, como carregar pólvora e municiar canhões.

Conclusão

Atualmente, num contexto demográfico muito diferente, a criança passou a ser valorizada pela sociedade e os historiadores passaram a dedicar um novo olhar à questão, embora a falta de dados dificulte muito a pesquisa.

Referências

• Priore, Mary Del. História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 1999.

• Priore, Mary Del. 500 anos de Brasil, Histórias e Reflexões. São Paulo, Scipione, 1999;
• Priore, Mary Del. Entrevista a Almanaque Brasil de Cultura, número 7, pg 22, São Paulo, Editora E. Andreato, outubro-2006.

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