"O amor, o conhecimento e o trabalho, são fontes de nossas vidas. Deveriam também governá-los". - Wilhelm Reich







segunda-feira, 16 de maio de 2011

Erotismo e Pornografia


Para quem deseja compreender a linguagem sexual do século XVI eis aí um livro para começar bem...devagar!

Sexualidade é componente fundamental de todo ser humano, é uma modalidade global do ser nos confrontos dos outros e do mundo, vinculando-se a intimidade, a afetividade, a ternura, a um modo de sentir e exprimir-se, vivendo o amor humano e as relações emocionais e afetivo – sexuais; é contato, relação corporal, psíquica e sentimental, é o desejo voltado a pessoas e objetos, é sonho, prazer, mas também sofrimento; é pressentimento do futuro, consciência e plenitude do presente, memória do passado, sentimentos que se alternam, se cruzam de modo imprevisível, exigindo uma progressiva capacidade de compreensão e aceitação, sempre vinculadas a intensas sensações corpóreas.

Erotismo é uma forma de estimular o impulso sexual. O impulso sexual é o componente psicossomático do comportamento sexual, é o afluxo vital das energias sexuais; são semelhantes, porém não iguais aos instintos.
Sua manifestação pode sofrer influência externa, através da Educação da Ética e da Moral, porém não pode ser completamente controlado pelo esforço da vontade consciente. O impulso sexual quando demasiadamente reprimido, ressurge em subprodutos como a doença mental, compulsão sexual neurótica, e os desvios de conduta.
O homem atual necessita equilibrar as forças do impulso sexual, conduzindo-o para formas de comportamento sexualmente aceitas na sociedade.

Pornografia é um tipo especial de erotismo, mobilizam-se figuras do imaginário através de fotografias, imagens, desenhos, contos, filmes eróticos, etc, com o objetivo de estimular o desejo, de fantasiar um relacionamento sexual, em uma masturbação ou mesmo mobilizar-se para uma relação sexual concreta.

A fantasia é a mola propulsora da realização sexual, é inerente ao ser humano, desde criança, com as brincadeiras de faz de conta, à velhice, apenas modificando a sua forma e conteúdo.
Todos temos fantasias. Aqueles que acham que não as têm estão reprimindo-as inconscientemente não se permitindo experimentá-las enquanto fantasias.As fantasias sexuais são inevitáveis e saudáveis, tendo grande importância na vida sexual, pois alimentam uma parte do desejo e dás motivações sexuais, tendo sua gênese no impulso sexual.
Na sociedade moderna, a pornografia passou a se diferenciar do erotismo nos aspectos estéticos e éticos, no conteúdo mais explícito da pornografia e mais implícito do erotismo, no reforço pornográfico da relação genital sem envolvimento, sem compromisso e sem afeto, apenas enfatizando o prazer solitário masturbatório, evitando o requinte artístico, a profundidade e o clima de paixão e enamoramento sempre presentes no erotismo.
A tentativa de distinguir o Erotismo da Pornografia é recente, sendo importante lembrar que devido a diferenças culturais, pessoais e sociais, até mesmo a delimitação daquilo que é considerado material erótico varia muito, em épocas diferentes e mesmo em diferentes meios dentro de cada sociedade. Mas em linhas gerais neste trabalho, vamos considerar que o que distingue o erotismo da pornografia é a originalidade, que tem como sinônimos-raridade, novidade, frescor.

Aspectos Gerais do Erotismo e da Pornografia

Na mitologia Grega Eros é ao mesmo tempo uma das energias primordiais, gerador da união do Céu e da Terra, e o aparentemente inofensivo Cupido, o filho maroto de Afrodite, a Grande Deusa do amor em todas as suas formas. O mito de Eros une o Universal e o singular, encarna o sublime amor e o fogo da paixão, resolve o problema da gênese do mundo. É energia de ligação do Cosmos com cada ser vivo. Em suas flechas esconde o poder sobre o desejo, a fantasia, o impulso erótico.

Eros é atração, cria dentro de cada indivíduo o desejo de se completar com o outro e com o mundo, anseia eternamente pela fusão com o objeto do desejo, seu impulso maior é o anseio de vida, de permanência, de continuidade, uma atração quase irresistível, repleta de sensações intensas.

O Erotismo é essencial, é uma das forças da psique em busca da auto realização, mas é também uma força titânica, visceral do mundo e de todos os seres da criação.

Erotismo é uma palavra que pressupõe um conceito de arte e uma existência da própria arte erótica. Vale lembrar: o erotismo é um objeto estético, feito para ser visto e apreciado pelo seu valor próprio; suas características especiais o colocam longe da pornografia quotidiana.
O Erotismo diz respeito ao belo, à estética sexual, a arte de transformar corpos em obras de arte. A Psicologia, ao estudar a estética erótica, descobriu que as pessoas fazem sempre os mesmos juízos fundamentais, dadas a estrutura neuro-perceptiva semelhante, porém nossos gostos e opções são exclusivamente condicionados pela cultura na qual estamos inseridos. No entanto, é impossível reduzir o erotismo a um conjunto de regras a serem aplicadas em toda parte, como também é complicado definir qualidades absolutas em estética erótica fora do contexto do seu tempo.
O erotismo está sempre se transformando, abrindo nossas percepções a novas experiências sensoriais. Todos sonham com uma imagem idealizada do feminino ou do masculino, é nossa imaginação trabalhando, criando imagens, um quadro no nosso espírito. O homem é o único animal capaz de usar a imaginação para contar histórias, pintar, esculpir, representar criando arte. A necessidade de fazer arte erótica é exclusivo do bicho homem. O homem possui uma faculdade estética, a capacidade de criar arte é um dos traços distintivos do homem, que o separa das outras criaturas animais.
Uma imagem erótica vale milhões de palavras, não só pelo seu valor descritivo, mas principalmente pelo seu valor simbólico. Os instrumentos da fantasia consistem no conteúdo, mas principalmente na forma. Recorrem à alegoria, à expressão facial para sugerir significados, para evocá-los através de elementos visuais, como traço, cor e composição.
O lendário Orfeu tinha poderes divinos de inspiração e acreditava-se que possuía a capacidade de, em transe, penetrar nas profundezas do mundo dos sonhos, podendo voltar ao reino dos vivos sem nada sofrer. Graças a esta capacidade única e de seu talento para exprimir esse desconhecido através do erotismo, apoderou-se das forças secretas do homem e da natureza. Ainda hoje o artista erótico, permanece um mago, cujo trabalho nos perturba e envolve.

O Erotismo na Historia Ocidental

O mais antigo texto sobre erotismo que já foi publicado é o "Banquete de Platão": o narrador Aristófanes conta que, na Origem a humanidade se compunha dos homens, das mulheres e de um terceiro ser denominado Andrógeno.

Os Andrógenos eram seres mais completos possuíam grande poder, encorporavam o masculino e o feminino, tendo o melhor destas duas dimensões do humano.

Possuíam a forma esférica, mais perfeita e aprimorada, possuíam sempre, quatro mãos, quatro pernas e quatro orelhas, duas cabeças, dois órgãos sexuais e uma cabeça, mas cometeram o erro de desafiar os Deuses. Então, como castigo, Zeus, o grande rei do Olimpo, o símbolo máximo da consciência, os separou com seus raios. Cada Andrógeno foi cortado em duas partes, passando a sentirem-se mais fracos incompletos e infelizes. Os novos seres mutilados passam a procurar em toda parte sua cara metade, sua alma gêmea, Quando acontece de se encontrarem novamente, a atração é extremamente forte. Com muito erotismo desejam restaurar a antiga perfeição, se entrelaçam, tentam se fundir, se perder um sobre o outro, no entanto apesar da intensa predisposição de ambos, a fusão é sempre momentânea e está condenada a desaparecer, para que a identidade sobreviva e cada indivíduo possa continuar como um ser distinto.

A Antiguidade clássica é pródiga de relatos sobre a vida erótica Grega, as cortesãs, a vida das prostitutas, a homossexualidade socializada e a riqueza erótica das estátuas, quase sempre, nuas e com os órgãos sexuais em evidência, os quais serviam de material pornográfico para a masturbação.

O Império Romano domina o Ocidente e em seu período decadente perde sua ética e valores, cedendo lugar a uma crescente brutalidade sexual nas figuras de Nero, Tibério e Calígula. A Idade Média, dominada pela religião, promove a repressão da sexualidade e mantêm a política de eliminar o erotismo através da culpa, autoflagelos, castigos físicos e sublimação religiosa. No século XIV, Bocaccio, publica Decameron, com as confissões de pessoas da nobreza, ligadas a aventuras de amantes e maridos infiéis, porém o sexo acontece promíscuo e hipócrita, como o "diabo gosta”.

Surge o Renascimento da cultura Ocidental. Na Itália, Aretino publica contos eróticos; na França de 1740, surge o mais famoso escritor de erotismo, o grande Marques de Sade associando sexo e crueldade em meio à luxúria palaciana. Na Áustria, alguns anos mais tarde surge Leopold Von Sacher –Masoch com seu romance autobiográfico, "A Vênus das Peles" onde consolida as bases do sadomasoquismo moderno.

Na Inglaterra, John Cleland, publica "Fanny Hill" uma das mais importantes obras de pornografia já escritas. Nos finais do século passado acontecem associações fortes com pornografia homossexual. Oscar Wilde publica em 1891 "O retrato de Dorian Gray", onde a pornografia começa a ser vista como forte apelo de vendas.

O século XX presencia o surgimento de uma pornografia vinculada ao processo de industrialização e ao mercado. Com o Cinema a partir de 1921, já podem ser vistas cenas de banho em cachoeiras, cenas com emoções fortes e figuras semi nuas. A partir de 1933, por três décadas, há uma pausa na produção de filmes eróticos. A Europa de 1950 presencia o crescimento acentuado de casas de strip-tease, e dos Estados Unidos da atualidade, importamos as casas especializadas em produzir material erótico e pornográfico, as Sexshops. Hoje presentes em todo o mundo evidenciam a banalização do erotismo, hoje presente no cotidiano de cada indivíduo.

O Brasil nasceu erótico. Desde o descobrimento, os Portugueses sempre descreviam o novo mundo como um paraíso de sedução. Pero Vaz de Caminha, em suas famosas cartas da terra de Santa Cruz, descreve com grande carga erótica a nudez das índias do Brasil.

Mantivemos durante séculos a tendência de exportar toda uma cultura sexual, costumes, valores morais e padrões estéticos europeus. Hoje a influência ficou transferida para o padrão Americano de vivência sexual.

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